sábado, 16 de abril de 2011

A Essência da Fotografia

Pergunta: Porquê fotografou esta paisagem?

Resposta1: "Porque achei-a muito bonita e gostei do efeito da luz do sol na árvore."

Resposta2: "Porque achei-a deveras interessante, tentei captar a luz refletida no topo da árvore porque faz-me recordar as minhas tardes de infância na quinta dos meus avós e seguindo esta perspetiva julgo que tornei a imagem com mais riqueza composicional."


Sabemos que a essência representa a natureza de um ser ou objeto e constitui a natureza ideal para o existencialismo, propriedades imutáveis da mesma, adventos do conhecimento. Mas, como podemos definir a essência da fotografia, sendo ela tão complexa e subjetiva em toda a esfera artística?

Todo o ser humano, dotado de capacidades físicas e visuais, tem a oportunidade de facilmente manusear uma câmera fotográfica e com ela representar aquilo que os seus olhos observam. Contudo, a essência da fotografia reside essencialmente na sua capacidade de observar e retratar um objeto ou acontecimento, seguindo perspetivas pessoais e, através delas, representar uma intenção. É aqui que reside a principal diferença entre quem fotografa sem intenção e com intenção.

A obtenção de conhecimentos e técnicas fotográficas é imprescindível para executar um bom trabalho mas elas de nada servirão se não existir a verdadeira essência da fotografia.

Hoje em dia somos bombardeados por milhares de imagens, temos acesso aos mais variados equipamentos, livros e temas e tudo isso tem facilitado a banalização da fotografia. Hoje em dia, qualquer ser humano fotografa pelo simples ato de fotografar e muitos deles até conseguem captar uma boa imagem. Mas e se lhes perguntamos porquê fotografaram determinado assunto? Porquê escolheram aquela perspetiva? Porquê usaram determinada abertura de diafragma ou tempo? Porquê usaram aquela luz ou exposição? Podemos verificar que a maior parte até poderá responder com precisão às questões técnicas visto que elas resultam de um estudo e interiorização do conhecimento. Mas poucos serão aqueles que irão responder sobre a verdadeira intenção do ato de fotografar.

É neste ponto fulcral de toda a esfera artística que temos evidentemente que sentir aquilo que fazemos. Um artista, seja em área for, tem de sentir, experienciar, fazer acontecer com paixão, com intenção, com conhecimento... tem de saber que naquele exato momento em que premiu o obturador, estava a usar o diafragma correto, a exposição correta, o tempo correto e acima de tudo, que tinha efetivamente a intenção de fotografar o objeto. Porque a essência da fotografia ultrapassa em larga escala tudo aquilo que sabemos mas, permanece para sempre na nossa intenção e vontade própria. Fotografar é muito mais do que pronunciar este verbo, fotografar deve ser um ato em que o fotógrafo deixa a sua opinião, a sua marca, a sua maneira pessoal de retratar a realidade. A imagem deve remeter para um pensamento ou intenção, muitas vezes influenciada pela nossa cultura ou educação mas deve, acima de tudo, retratar a nossa interpretação sobre os assuntos. O artista deve criar ou até reconstruir essa realidade e transmiti-la segundo o seu próprio ponto de vista, deve transformar a imagem no seu universo transcendente, com as suas ideias, valores e perspetivas.

É por isso que hoje em dia tantos fotógrafos defendem o seu estatuto, tentando distanciarem-se não daqueles que são fotógrafos amadores (porque amador é alguém que ama algo e portanto fotografam com intenção), mas sim, daqueles que se intitulam de fotógrafos pelo simples facto de conhecerem o manuseamento de uma camêra fotográfica ou até deterem muitos conhecimentos técnicos de fotografia. Não é só a camêra que faz o fotógrafo, não é só o conhecimento que o torna fotógrafo... o que lhe confere verdadeiramente este estatuto é a sua paixão e a sua capacidade em retratar com clareza e com intenção cada registo fotográfico. É depositar na imagem um pouco de nós, da nossa história, é deixar o nosso "cunho" pessoal sem nos perdermos no banalismo que hoje assistimos tantas e tantas vezes. É sabermos observar a diferença entre quem alcança este nível com muita dedicação e entre quem o quer alcançar desprovido de sentimentos. É também no alcance deste nível que tomamos consciência que o verdadeiro fotógrafo consegue selecionar 2 ou 3 fotografias numa sequência de 10, enquanto que aquele que deseja este estatuto sem o ter alcançado, consegue selecionar 2 ou 3 fotografias numa sequência de 100.


Conseguir ultrapassar as barreiras do banalismo da fotografia e transmitir a nossa realidade através de uma imagem... é de facto torná-la numa verdadeira obra de arte.

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